quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Por que?

De tudo haveria de ficar para nós um sentimento
longínquo de coisa esquecida na terra –
Como um lápis numa península. (Manoel de Barros)


Não...jamais partirei
Te deixando a ver navios,
Nem te deixarei
Para trás, assim, sozinha

Oh doce menina
Teus olhos contentes
Não merecem encherem-se
Das lágrimas dormentes

Se eu precisar te deixar
E bem longe de te ficar
Notícias mandarei
E sempre de ti quererei
Ouvir alegrias...risos

Estarei sempre a perguntar
Se o vento continua a perturbar
Teus morenos, lindos cabelos
E a acariciar tua pele, querida

Vou querer saber de ti
E do que se passa ao teu redor
Notícias tuas esperarei
E se elas não chegarem, ligarei

Andarilho como sou
Por certo irei partir
Mas te deixar...abandonar
É coisa que não hei de permitir

Amo-te alegre menina
Guardo sempre teu sorriso
Na euforia da matina
É tua voz que ouço dizer “bom dia!”

domingo, 23 de agosto de 2009

Por que tem coisas que a gente nunca esquece? (23/08/2009)

Por que existem coisas que a gente nunca esquece?
Quando comi laranja pela primeira vez...
Ou melancias em um jardim, será que as sementes floresceram?
Quando desisti de entrar em um brinquedo, depois de meia hora esperando na fila

A primeira e única vez que vi um gato usar o banheiro
E que conheci um cachorro que parecia falar com os olhos
Jamais esqueci as bolhinhas de sabão pelo caule de mamão

Tem coisas que deveríamos esquecer e simplesmente não conseguimos
É como se existisse algo tão especial por trás daqueles momentos e que os colou em nossa memória com cola permanente... Alguém conhece um antídoto?

Difícil esquecer o primeiro jogo de peteca
E a primeira fogueira de São João na calçada,
Não se pode esquecer tão fácil do primeiro namorado
Mas o primeiro amor não se apaga nunca... Maldita lembrança!

Quando comi piaba pela primeira vez, e cachorro quente de frango,
A primeira vez que achei o grafite interessante e uma maquete emocionante,
Quando uma cadela me cheirou (bem no pescoço) e
quando aprendi que era possível amar de verdade

A primeira vez que ganhei um girassol
E que desejei que a chuva me pudesse apagar memórias...
Um jantar chinês que acabou tão triste, um beijo que não deveria ter acontecido

São tantos momentos que trazem alegrias e aquecem um coração
Mas que carregam em si a tristeza de uma separação...
Já nem sei como rimar sentimentos confusos,
Que me atormentam ao tentar esquecer-te, não consigo

A sensação de insucesso constante
O tentar sem êxito algum...
Por que não somem estas lembranças?

Queria esquecer de verdade a felicidade que vivi
Encontrar outra sem passado para comparar
Conhecer, viver e amar como nunca amei antes (se for possível)

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Hoje...noite de São João (24/06/2009)

Me perdoem a liberdade poética de algumas palavras neste poema...

Por que neste ano, não vou dançar forró como antigamente,
O sabor do milho será diferente sem a fogueira no quintal
Porque sem quadrilha no alpendentre da casa maior
O São João fica vazio, xôxu, “muchinho”...

Porque nem o forró da capitá eu vou aproveitar,
Nem xote, nem forró, nem o som da sanfona vou escutar...
Saudades do tempo de criança, de mocinha no sítio,
Da cidade, bandeirolas, sanfoneiro, quadrilha.

Falta da fogueira imponente, que reúne a família
Saudades de olhar para céu, e ver como ele é lindo
Mesmo sem balões, mas com as estrelas rindo

E mesmo bem tarde, quando a noite já vai
A atmosfera de forró logo diz: “é proibido cochilar”
Mas esse ano, nem serra, nem cariri e nem Sertão
Nem milho, nem cocada e nem quentão...
Saudades da família, da terra e da rede
Que embalava meus sonos, sonhos e esperanças...

Agora bem longe de casa, tão perto do nada
Ficam as saudades do tempo bão de menina,
Do leite quentinho ainda no currá,
Do som do berrante, do vento batendo nos galhos
Do açude tão longe e da brisa friinha da noite...

Ê tempo bão aquele de menina...


segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Lembranças perdidas no luar (11/01/2009)

Mais um dia, menos um para viver
O sol que iluminava não tem mais relevância
A brisa que acariciava
Hoje tenta enxugar lágrimas

O som do mar quebrando na praia
que me atraia como imã
Para um mergulho, hoje me embaralha
as lembranças soltas que tenho de você

Entre um copo e uma taça
Um bolero e uma valsa
Perdi-me ao te encontrar
Entre o som do bentivi
E o andar de um jabuti
Foram-se as lembranças que esqueci

As alegrias que vivi
E tudo aquilo que me fez sorrir
Lembranças de um tempo bom,
sumiram todas num estalar
dos meus dedos que se entrelaçavam aos seus,
e apontavam estrelas ao luar...

domingo, 4 de janeiro de 2009

Momentos (04/01/2008)

Certa vez fui apresentada por um estranho
a um livro estranho de um autor que eu desconhecia
que continha uma meditação sobre a vida
e como levada por nós ela devia

Quanto de liberdade ela conteria
se errássemos as vezes que fossem
e nossa doce e livre vida evitaria
o que Nietzsche previa como ciclo de mesmices

Não cheguei a ler o livro todo
mas mudei o que seria
meus pensamentos, minhas atitudes
a fim de suportar a insuportável calmaria
que minha vida com o tempo se tornaria

Outra parte protagonista
da mudança que fiz em minha vida
foi um cartão, na verdade o poema que ele continha:
"apenas momentos"era o título que possuía.

O poema ressaltava os momentos que vivemos
ao longo de toda a vida, sendo estes
que guardamos e por toda vida recordamos
"por isso, por apenas hoje" faça o que lhe da sentido
corra, chore, componha, dance, ria...
respire, saia da rotina, se permita ser feliz

É exatamente isto que tenho feito
vivido, sofrido, sonhado, me permitido
colecionar momentos, instantes
mas acima de tudo curtido!